A falta de rentabilidade e os constantes prejuízos que se acumulam na suinocultura mato-grossense estão fazendo muitos suinocultores independentes a repensar sobre a continuidade ou não no ramo. Em Tapurah já é cogitado o abandono da atividade por vários produtores e um grupo familiar que trabalha com suínos a mais de oito anos já decidiu encerrar as atividades este ano e paralisou o processo de inseminação das matrizes este mês. A granja que produz, engorda e faz todo o processo de terminação de cerca de cinco mil suínos anualmente foi implantada em 2010 e emprega oito colaboradores diretos.
Conforme um dos sócios-proprietários da Granja Cabanha Galvan, Álvaro Galvan, a decisão de parar com a atividade foi motivada pelos prejuízos constantes acumulados. “Hoje, economicamente não existe o porquê de você continuar numa atividade em que precisa desembolsar dinheiro para mantê-la, tirar recursos de outra atividade que compõe o grupo familiar para tapar furo da suinocultura. Desde que estamos na atividade, de 2010 pra cá, a suinocultura teve anos bons para o setor, mas nos últimos anos não temos vendo viabilidade neste negócio”, relata.
Galvan ressalta que os insumos usados na suinocultura só aumentam, enquanto o preço do suíno é vendido muito abaixo do custo e o prejuízo é em torno de R$ 100 por animal terminado. “Hoje temos um custo alto para se manter na atividade, com farelo de soja custando cerca de R$ 1.300,00 a tonelada, a saca de milho em torno de R$ 20,00, custo de funcionários, energia elétrica e combustível subindo toda hora. Com isso a gente não consegue repor o recurso que tiramos de outra atividade e estamos trabalhando sempre com prejuízos. Então, a nossa decisão de parar foi simples, pelo motivo de não estar dando rentabilidade e temos oito colaboradores que serão dispensados na granja”, pontua.
Apesar de a família Galvan já ter decidido encerrar a atividade e ter parado com a parte de inseminação das matrizes, Álvaro ressalta que o trabalho na suinocultura na propriedade seguirá até o mês de março do próximo ano. “Nós temos animais com previsão de parto até dia 14 de novembro, e para se encerrar todo o processo vai até o mês de março e abril. O encerramento da atividade não é de imediato, até porque já temos muitos animais em processo de engorda e outros a nascer ainda”.
Álvaro Galvan afirma que dificilmente o grupo da família vai querer voltar a atividade futuramente, pois não vê perspectivas de melhora no mercado. Quanto a estrutura, o mesmo diz que poderá aproveitá-la em outra atividade da agropecuária, como no setor do leite. “Se no futuro o mercado sinalizar positivamente, a gente pode até pensar em voltar atrás, mas hoje não tem nenhum cenário que indique isso pra nós. Se tiver um reajuste de 50% no preço pago pelo suíno ao produtor, aí que vai começar a cobrir os custos de produção e, por mais otimistas que somos, não temos nenhuma perspectiva”, frisou.
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